– Mãe, lembra da Luzia, irmã da Sílvia?
– Lembro, filha.
– A Sílvia e eu estamos desconfiadas de que ela enganou Jesus direitinho.
– Como assim, Laurinha? Não pode falar desse jeito! Jesus nunca é enganado!
– Ah, mãe! Você não viu o que a Luzia aprontou e Jesus não fez nada. Ele viu tudo e ficou caladinho, depois só porque ela é pequena e faz cara de criança chorona, ele não fez nada.
– Laurinha, você não pode falar desse jeito de Jesus.
– Mãe, a gente aprende que não pode mentir e não pode enganar ninguém. Eu e a Sílvia sabemos muito bem que a Luzia está só enganando os outros, mas já falei pra Sílvia contar tudo pra sua mãe, já que Jesus não faz nada.
– Laurinha! Mas que história mais estranha é essa! Desde quando você é na Terra a representante de Jesus?
Laurinha foi para o quarto, sentou-se em sua escrivaninha e ficou pensando. Pegou uns papéis, fez algumas anotações e não demorou sua mãe, intrigada voltou a tocar no assunto:
– Está mais tranquila agora?
– Sim. Pensei e fiz umas anotações.
– Que anotações?
– Eu anotei que a Luzia pegou todos os nossos brinquedos e jogou no jardim, mudou o penteado das nossas bonecas e rabiscou nossos desenhos. Quando Jesus viu, ela saiu correndo, sentou no sofá e falou que estava assistindo ao desenho. Quando dona Marta chegou, deu bronca na gente. Jesus não fez nada!
– Laurinha, Jesus tem mais o que fazer do que se preocupar com briga de criança, a Luzia só tem cinco anos! Eu achei que essa história já havia acabado.
– Está bem, mãe. Fale com a Sílvia aqui no telefone: Alô! Sílvia, minha mãe não está acreditando em mim. Fala com ela.
Laurinha passou o telefone para a mãe:
– Sílvia, tudo bem? Sua mãe está? Preciso conversar com ela. Você e Laurinha estão com muita imaginação. Precisam parar de envolver Jesus em tudo quanto é história.
– Mas é verdade, tia. Quer ver? Fala aqui com ele.
Ouve-se uma voz grossa, de homem do outro lado da linha.
– Alô!
– Quem está falando?
– É Jesus, o jardineiro!
Texto do livro: Tem espíritos no banheiro?
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