Aula 10: Retorno da vida corpórea à vida espiritual
A Alma Após a Morte
É muito natural que um leigo em assuntos de espiritualidade alimente a curiosidade de saber em que se transforma a alma no instante da morte. Allan Kardec define a alma como sendo o Espírito encarnado.
Assim, é natural que, no instante da desencarnação, a alma volte a ser Espírito, conservando a sua individualidade e seu perispírito, guardando a mesma aparência da última encarnação.
Separação da Alma e do Corpo
Ao contrário do que se presume, a separação da alma e do corpo não é necessariamente dolorosa. A rigor, o corpo, freqüentemente, sofre mais durante a vida do que no momento da morte (LE, perg.154), principalmente quando a enfermidade sua causadora tenha sido dolorosa. Neste caso o momento final leva à cessação das dores e são um prazer para o Espírito que vê chegar o fim do exilio na terra (LE, perg. 154).
Quando a morte é lenta e por esgotamento da vitalidade orgânica, é muito comum o Espírito afastar-se quase sem o perceber é como uma lâmpada que se apaga por falta de energia (LE, perg. 154).
Estabeleçamos como principio, alguns casos:
1) Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.
2) Se, nesse momento, a coesão do perispírito e do corpo físico estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma.
3) Se esta coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo.
Ao se reconhecer na nova vida no mundo dos Espíritos, aquele que fez o mal pelo simples desejo de o fazer, sente-se constrangido por tê-lo feito. Para o homem de bem a situação é outra: ele se sente aliviado de um grande peso, porque não receia nenhum olhar perquiridor (LE, perg. 159).
Perturbação Espírita
Perturbação espírita é o fenômeno que ocorre no momento de transição da vida corporal para a espiritual. Nesse instante, a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações. Essa perturbação pode ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, dependendo da evolução de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece quase que imediatamente, pois se libertou da matéria, antes mesmo que cessasse a vida do corpo, enquanto o homem carnal cuja consciência ainda não está pura, sofre por muito mais tempo a influência da matéria (LE, perg. 164).
Quanto menos conhecimento o Espírito tiver da vida espiritual, tanto mais se apega à matéria, mesmo sentindo que esta lhe foge; quer retê-la, em vez de a abandonar, resiste com todas as forças, podendo prolongar essa luta, por dias, semanas e até meses.
É certo que, nesse momento, o Espírito não goza de toda a lucidez, dado o estado de perturbação que se antecipa à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha e a incerteza do que lhe sucederá agravam-lhe as angústias. Por fim, sobrevém a morte, mas ainda não está tudo terminado, visto que a perturbação continua. Ele sente que vive, mas não define se material ou espiritualmente, continua lutando, até que as últimas ligações do perispírito tenham-se rompido.
Deixa que os Mortos Enterrem seus Mortos
E disse a outro: segue-me. Ao que ele respondeu: Senhor permite que vá primeiramente sepultar meu pai. E Jesus lhe disse: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; e tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus (Lucas, 9:59-60).
Além dos doze apóstolos, Jesus Cristo teve também outros setenta discípulos diretos, os quais, ao ouvirem dele um discurso que consideraram demasiadamente pesado, o abandonaram. Entretanto, outras convocações foram feitas por ele, porém cada um dos convocados dava uma desculpa para não segui-lo, principalmente depois de ele ter dito que “as aves do céu têm seus ninhos, as raposas os seus covis, mas ele não tinha onde reclinar a cabeça” (Lc 9:58).
Jesus certamente deixou mais um de seus edificantes ensinamentos, demonstrando que a vida espiritual é a verdadeira vida, ao passo que a vida temporária que é usufruída no mundo é equivalente à morte, pois nela o Espírito encarnado perde, transitoriamente, a liberdade e a atividade que desfruta, quando livre do corpo. Deste modo, o Mestre sempre colocou as coisas de Deus acima de qualquer cogitação, e não poderia de outra maneira; por isso, quando Ihe vieram dizer que sua mãe e seus irmãos estavam esperando para vê-lo, disse: Minha mãe e meus irmaos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam (Lucas, 8:21).
A respeito da passagem de Lucas, pode-se afirmar que no mundo existem os mortos e os “mortos”. Os primeiros são os que se dedicam às coisas da alma, que tratam de aprimorar seus Espíritos que, ao desencarnarem, elevam-se para planos mais elevados da Espiritualidade: os segundos são os que se distanciam das coisas morais e espirituais, que submetem a alma a serviço do corpo, dando prioridade à satisfação dos sentidos e às coisas transitórias do mundo.
Não houve, por parte do Mestre, qualquer secura de coração, desprestigiando a manutenção dos laços tão brandos da família e da fraternidade. O que ele ensinou, por estas palavras, é que: quem toma do arado para rasgar o solo, para que nele seja lançada a semente generosa que produz frutos, não pare no meio da jornada, devendo sempre caminhar para a frente, pois aquele que fica à margem do caminho, não é digno de trabalhar na sua seara”.
Este é somente um breve resumo da aula. Escute o áudio completo com toda a aula narrada e uma breve explicação minha ao final de cada parte.
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