Aula 02 – A lei divina ou natural
Caracteres da Lei Natural
O que se deve entender por lei natural?
– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem; ela lhe indica o que deve ou
não fazer; e ele é infeliz somente quando se afasta dela. (LE, questão 614)
Todos os fenômenos, físicos e espirituais, regem-se por leis soberanamente justas e sabias, seja no nosso
mundo, seja fora dele e em todo o Universo. Tais leis formam, em seu conjunto, o que conhecemos como Lei
Divina ou Natural, que é eterna e imutável como o próprio Deus.
Embora possamos pensar, em razão de uma análise superficial, que a Lei Divina sofra transformações, ela não é
mutável. Só as leis estabelecidas pelo homem é que o são, porque são leis imperfeitas e sujeitas as modificações
inerentes ao progresso.
À medida que os seres humanos evoluem, quer moralmente, quer intelectualmente, compreendem melhor a Lei
Natural e passam a reformular antigos conceitos. Para isso, no entanto, fazem-se necessárias numerosas
existências corporais, até que cheguem à categoria de Espíritos Superiores ou a categoria de Espíritos Puros,
quando reunirão os conhecimentos indispensáveis a esse mister.
Divisão da Lei Natural
A Lei Natural abarca dois tipos principais de leis:
I. As leis físicas, que regulam o movimento e as relações da matéria bruta e cujo estudo pertence ao domínio da
Ciência propriamente dita.
II. As leis morais, que dizem respeito ao homem considerado em si mesmo e em suas relações com o Criador e
com os seus semelhantes.
Apesar de a Lei Natural compreender tudo o que existe na obra da criação, a maioria dos homens, no estágio
evolutivo em que nos encontramos, não a conhece bem. É por isso que em todas as épocas da história humana
tem Deus enviado ao planeta Espíritos missionários que, reencarnados nas diferentes áreas do saber, vêm até
nos para no-la ensinar.
Desde as épocas mais remotas a Ciência tem-se dedicado exclusivamente ao estudo dos fenômenos do mundo
físico, suscetíveis de serem examinados pela observação e pela experimentação, deixando a cargo da Religião o
trato das questões metafísicas e espirituais.
Com o progresso intelectual verificado nos últimos tempos ocorreu um distanciamento pronunciado entre a
Ciência e a Religião, coisa que não deveria se dar, porque ambas são expressões da Lei Natural a que todos nos
estamos submetidos.
Conhecimento da Lei Natural
O Conhecimento da Lei Divina ou Natural faz parte do progresso espiritual do homem. Revelada através dos
tempos gradualmente, não se submete as injunções transitórias das paixões humanas, que sempre desejaram
padronizá-las à sua própria vontade, submetendo-a a sua desonesta determinação.
Rodolfo Calligaris, no seu livro “As Leis Morais”, no capítulo “As leis morais da vida”, nos ensina que: “Ninguém
contesta ser absolutamente indispensável habituar-nos pouco a pouco, com intensidade da luz para que ela
nos deslumbre e nos deixe cegos. A verdade, do mesmo modo, para que seja útil precisa ser revelada de
conformidade com o grau de entendimento de cada um de nos; daí não ter sido imposta. Ela sempre está ao
alcance de todos, igualmente dosada”
Por outro lado não basta que apenas nos informemos a respeito da lei divina. E necessário que a
compreendamos no seu verdadeiro sentido, para que possamos observá-la. Todos podem conhecê-la, mas nem
todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a
compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.
Por compreender isso foi que Paulo, em sua primeira epístola aos Coríntios (13:11), se expressou desta forma:
“Quando eu era menino, falava como menino, julgava como menino, discorria como menino; mas depois que
cheguei a ser homem feito deixei de lado as coisas que eram de menino”.
E, aqui, outra contribuição do Espiritismo a humanidade, pois segundo ensinamentos, em todas as épocas e em
todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem inspirados por Deus para auxiliarem a marcha
evolutiva da humanidade. Dentre todos, porém, foi Jesus o modelo da misericórdia divina.
O Bem e o Mal
Conceito:
Bem – Designa, em geral, o acordo entre o que uma coisa é com o que ela deve ser. É a atualização das
virtualidades inscritas na natureza do ser. Relaciona-se com perfeito e com perfectibilidade. Segundo o
Espiritismo, tudo o que está de acordo com a lei de Deus.
Mal – Para a moral, é o contrario de bem. Aceita-se, também, como mal, tudo o que constitui obstáculo ou
contradição a perfeição que o homem é capaz de conceber, e, muitas vezes, de desejar. Segundo o Espiritismo,
tudo o que não está de acordo com a lei de Deus
Na questão 629 de LE, os Espíritos nos apresenta a definição de moral:
“A moral é a regra de conduta e, portanto da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de
Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem de todos, porque então
observa a lei de Deus”.
O escuro é ausência da luz. “Faça-se a luz e a luz se fez” (VT, Genesis, cap.1); a infelicidade é a ausência da
felicidade; o frio é a ausência do calor, o mal é a ausência do bem, assim como ódio é a ausência do amor;
portanto, não existem a escuridão, a infelicidade e o mal e muitos menos o ódio. Podemos ter certeza que
nossos inimigos são aquelas pessoas que ainda não descobriram que nos amam.
De acordo com a Doutrina Espírita, o problema do bem e do mal está relacionado com as leis de Deus e o
progresso alcançado pelo Espírito ao longo de suas varias encarnações.
Muitos pensam que Deus, que é o criador do mundo e de tudo o que existe, também é o criador do mal. Para
tanto, as religiões dogmáticas elaboraram uma série de raciocínios sobre a demonologia, ou seja, o tratado
sobre o diabo. Baseando-nos nessas imagens, seriamos forçados a crer que existem dois deuses, digladiando-se
reciprocamente. A lógica e os ensinamentos espíritas apontam-nos, porém, para a existência de um único Deus,
que é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Como um de seus atributos é ser infinitamente
bom, Ele não poderia conter a mais insignificante parcela do mal. Assim, Dele não pode provir à origem do mal.
Mas o mal existe e deve ter uma origem.
O mal existe e tem uma causa. Há, porém, males físicos e morais. Há os que não se pode evitar (flagelos) e os
que se podem evitar (vícios).
Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provém do seu orgulho, do
seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. No que tange aos flagelos naturais, o
homem recebeu a inteligência e com ela consegue amenizar muito desses problemas.
No sentido moral, o mal só pode estar assentado numa determinação humana, que se fundamenta no livrearbítrio.
Enquanto o livre-arbítrio não existia, o homem não cometia o mal, porque não tinha responsabilidades
pelas suas ações. O livre-arbítrio é uma conquista do Espírito e, conseqüentemente geram nossas escolhas.
Não podemos esquecer que “fazer o bem não é apenas ser caridoso, mas ser útil na medida do possível,
sempre que o auxilio se faça necessário”. (LE questão 643)
Allan Kardec diz acertadamente que toda religião que não melhora o homem não atinge a sua finalidade. A
pureza verdadeira é sempre a pureza moral, a única que aprimora o Espírito.
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