Nós escolhemos a família
Laurinha chegou em casa empolgada com a aula que teve na casa espírita. Seu pai, vendo sua animação, resolveu perguntar:
– Então, filha, o que você aprendeu hoje no centro?
– Pai, hoje foi muito legal. Você sabia que na maior parte das vezes somos nós que escolhemos a nossa família?
– Sabia. E o que você acha?
– Eu acho legal, mas daí eu fiquei pensando: “Se a gente escolhe, por que tem filho que não gosta do pai e pai que não gosta do filho?”
– Às vezes, a gente escolhe uma família por causa de alguma coisa que fizemos em outra vida e desejamos nesta, juntos, melhorar.
– E por que tem tanta gente que ainda faz maldade? Elas escolheram ser ruins?
– Não, Deus não permitiria que elas viessem para a Terra para serem ruins ou para fazerem mal aos outros. Quando nós para cá voltamos, com um novo corpo, há o esquecimento do passado, justamente para que possamos fazer melhor…
Antes de ele terminar, Laurinha, empolgada, interrompeu:
– Eu sei, eu sei, eu sei! Já fomos um espírito adulto. Aí diminuímos pro tamanho de um grão de feijão, pra combinar com nosso novo corpo de bebê, e quando a gente está diminuindo, vai se esquecendo das coisas de antes.
– Por isso também nem sempre as pessoas conseguem fazer as coisas certas que programaram para a reencarnação.
– Mas, pai, se você se esquece do passado, é claro que vai esquecer o que prometeu também!
– Sim, mas o progresso é uma lei divina e o objetivo da encarnação é sempre evoluir. No fundo, temos sempre uma ideiado que devemos fazer. Não esquecemos totalmente dos compromissos assumidos. Nossos amigos e nosso anjo da guarda se esforçam também para nos lembrar.
– Pai, você sabia que antes de a gente nascer, os pais concordam com o nascimento do filho num sonho, enquanto dormem?
– É mais ou menos isso…
Mais uma vez ela interrompe, quando o pai tenta explicar.
– É sim. A professora falou que eu falei com vocês e vocês me deixaram vir.
– É isso mesmo.
– Você se lembra desse sonho? Eu era grande? Que cor era meu cabelo? Com que roupa eu estava? Eu era bonita? Em que lugar a gente se encontrou? Você gostou de mim? Lembra?
– Não, Laurinha, nós não nos lembramos deste encontro.
– Ah, pai, você deveria lembrar.
– Bem, Laurinha, nem sempre conseguimos nos lembrar, mas é verdade que nós nos escolhemos. Vem cá me dar um abraço.
Laurinha corre para os braços do pai e dá um abraço apertado. Ainda no abraço ela fala:
– Pai, você não se lembra de nada mesmo?
– Não, minha filha.
– Eu lembro! – diz ela com um sorriso maroto. Seu pai solta um pouco seu abraço e ela olha em seus olhos.
– O que você lembra? – pergunta sorrindo.
– Eu disse que só iria ficar com você e a mamãe se no meu aniversário de nove anos eu ganhasse uma bicicleta e um quarto todo pintado de rosa!
– Você não tem jeito mesmo!
Texto do livro: Tem espíritos embaixo da cama?
Para entender mais:
Esquecimento do passado: O espiritismo explica que ao reencarnar o homem não se lembra daquilo que foi e do que fez, para que possa começar livremente tudo de novo. Mas ele tem a intuição do passado para que sua consciência lhes chame a atenção para o erro.
Laços de família: No espaço, os espíritos formam grupos de acordo com a afeição e simpatia. Muitas vezes se reúnem aqui na Terra numa mesma família, ou num mesmo grupo, a fim de trabalharem juntos pelo progresso de todos.
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