A pose do bom velhinho

As crianças saíam da aula apressadas. Queriam se divertir. A aula tinha sido muito produtiva e todos gostaram bastante, afinal não é todo dia que tinham oportunidade de falar sobre alguém tão querido, como Chico Xavier.
A professora havia falado sobre a história de vida do médium mineiro. As crianças viram fotos, assistiram a partes de uma entrevista e folhearam livros que ele psicografou.
Quando Laurinha chegou em casa, foi logo contando para sua mãe com empolgação.
– Mãe, hoje a aula foi sobre o Chico Xavier.
– Que legal, filha! Você gostou?
– Gostei sim, mas fiquei com dó dele.
– Por que ficou com dó?
– Porque a professora falou que quando ele era pequeno ele foi muito judiado, que sua madrinha era ruim.
– Sim, mas ele superou tudo isso.
– É verdade. E ele via espíritos, desde pequeno, até na igreja. Vamos também ver espíritos na igreja, mãe?
– Laurinha!!!
– Brincadeirinha, mãe, não queria ver não – disse, abaixando a cabeça. De repente, emendou:
– Mãe…
– Fala, filha!
– Chico Xavier parece que sempre foi velho, né? Mesmo nas fotos que a professora mostrava, onde ele era mais novo, ele tinha cara de velhinho.
– Ai, Laurinha, você fala cada coisa!
– Mas era um velhinho diferente, uma pessoa diferente, né? Parecia tipo bem calmo e bonzinho.
– Sim, Chico era uma pessoa iluminada.
– Mas tinha alguma coisa que era mais diferente, não sei o que é, humm… – e Laurinha ficou pensativa. – Já sei!
– O quê?
– A diferença era a pose!
– Que pose? Chico era uma pessoa muito simples, não tinha pose.
– Tinha sim. Em todas as fotos ele sempre fazia a mesma pose. Colocava o cotovelo na mesa, abaixava a cabeça, segurava a testa com a mão, fechava o olho e… escrevia com a outra mão! Por isso que ele era diferente, ficou famoso com essa pose… – deu uma pausa, se remexeu na cadeira e falou: – Olha mãe, veja se eu não estou fazendo igualzinho!

Texto do livro: Tem espíritos no banheiro?

 

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