Aula 14: Bem-aventurados os aflitos, Cremação e Transplantes

Bem-aventurados os aflitos

Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus. (Mateus, V, 5, 6 e 10)

Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (Lucas, VI, 20 e 21)

Mas, ai de vós, ricos que tendes no mundo a vossa consolação. Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (Lucas, VI, 24 e 25)

 

A compensação prometida por Jesus aos aflitos na Terra não poderia ter lugar senão na vida futura. Sem certeza do porvir, tais máximas não teriam sntido ou, por outras palavras, seriam um engano. Ainda com essa certeza, dificilmente se compreende a utilidade de sofrer para ser feliz.

A fé no futuro pode consolar, mas não explica as anomalias que parecem desmentir a Justiça Divina. Por que tanta disparidade na sorte? Uns sofrem mais do que outros, uns nascem na miséria e outros na opulência. A uns nada sai bem e a outros tudo lhes parece sorrir.

Vê-se que os bens e os males são desigualmente distribuídos entre o vício e a virtude, e que homens virtuosos sofrem ao lado de viciosos que muito prosperam.

Deus sendo soberanamente bom e justo, não age com capricho nem com parcialidade. Portanto, as vicisitudes da vida devem provir de uma causa justa, que nos é revelada pelos ensinamentos de Jesus e agora pelo espiritismo.

Uma parte dessas vicissitudes tem a sua causa na vida presente, mas a outra só pode ser encontrada fora dessa vida, ou melhor, em existências anteriores.

Serão consolados os que souberem sofrer com resignação cristã as maiores dores, sem murmurar, aceitando-as de ânimo forte e firme decisão de superá-las com o auxílio de Deus, jamais perdendo a esperança em melhores dias.

 

Cremação

Na morte, isto é, na passagem do estado de encarnado para o plano espiritual, em geral, o indivíduo atravessa um período de grande perturbação e de inconsciência, que varia em função do grau de evolução de cada um.

O desligmento do espírito pode ser mais ou menos traumático em função do apego que este tenha à matéria, sua formação cultural, a maneira como encara a morte etc.

No mundo ocidental, a cremação é ainda uma exceção, sendo que a inumação (enterro do cadáver) é a regra, mas nos países orientais a cremação é a prática normal.

O processo de desligamento do espírito inicia-se algum tempo antes do suspiro final, encerrando-se algum tempo após a morte clínica. O corpo morto não transmite nenhuma sensação física ao espírito, mas a impressão do que acontece é percebida por este, possibilitando o surgimento de traumas de ordem psíquica.

Emmanuel diz em O Consolador, pergunta 151: “Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o ‘tônus vital’, nas primeiras horas sequentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que a alma ainda solicita para as sensações da existência material”.

 

Transplantes

A medicina tem-se valido, cada vez mais, da possibilidade de dilatar o tempo de vida de alguém, através da utilização de órgãos ou partes do corpo de uma outra pessoa que venha a falecer.

Há registros de transplantes em várias épocas. Na Índia, há dois mil ou mais anos, tem-se notícias de transplantes autógenos, para reparo de mutilações de nariz, orelhas e lábios. Os cirurgiões de Alexandria já tratavam de problemas de lesões na face e outras partes, através de transplantes de pele.

É uma atitude muito louvável a possibilidade de, através da doação de partes de um corpo que nenhum uso mais terá ao seu “proprietário”, permitir que alguém possa ter aumentada sua chance, sua vida e, quem sabe, encontrar a oportunidade de proceder a uma reforma nas suas atitudes, mudando e evoluindo para o bem.

Isto é, sem dúvida, caridade para com o próximo.

Espiritualmente, não há com o que se preocupar, pois a remoção de órgão em nada afeta o corpo perispiritual, sendo que, muitas vezes, até beneficia o espírito doador, pela possibilidade que proporciona, recebendo a alegria e a gratidão do receptor do órgão. Isto serve, muitas vezes, como bálsamo e elemento de ajuda na reentrada no plano espiritual.

 

Este é somente um breve resumo da aula. Escute o áudio completo com toda a aula narrada e uma breve explicação minha ao final de cada parte.

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